Rezas / tradicões


Rezar às Trindades
Este tipo de oração deve ser feito três vezes por dia: ao amanhecer, ao meio-dia, sobretudo na altura da Quaresma, e ao anoitecer (lusco-fusco). É uma oração para ser dita em família. Devem estar todos presentes. Os meninos, depois de terminada a oração deviam pedir a bênção aos pais e a todos os presentes mais velhos. Primeiro ao pai, depois à mãe. Ele pedia: Faça favor, dá a sua bênção! O adulto, pais ou amigos, estendiam a mão e o menino beijava-a nas costas. Ao mesmo tempo, o adulto dizia: Deus te abençoe, meu filho.
Nesta altura havia a tradição de velar nas casas dos vizinhos. Por vezes ia-se para as casas mais ricas já que antes de ir para a cama devia-se “matar o bicho”. Comia-se pão, figos secos, aguardente, nozes, marmelada, etc.

 

 

Rezar à ceia
Bênção da mesa: Esta oração era unicamente feita à ceia. Nas refeições feitas durante o dia não se fazia a bênção da mesa. No entanto, em ocasiões especiais, como por exemplo na matança do porco, esta oração era proferida. Nesta oração não se esqueciam as obrigações dos presentes.

 

 

As Veladas
As Veladas eram os momentos de lazer de há 50 anos. Eram aquilo que equivale hoje à televisão. Depois de cear e de acomodar os animais, as pessoas deslocavam-se para as casas umas das outras e ficavam lá a conversar e a rezar até à hora de ir para a cama.
A regra era não estar calado. Conversar-se de tudo e de nada, contavam-se anedotas, verídicas ou inventadas, histórias estranhas de bruxas, bruxedos e almas penadas e davam-se notícias. No fundo estes momentos eram as únicas notícias que se iam tendo na altura. Em conjunto com as conversas “matava-se o bicho” e rezava-se. Rezava-se o terço às almas.

 

 

Rezar às almas
Por volta das 9/10 horas, altura em que se velava, o sino tocava às almas. O toque era específico: badaladas espaçadas umas das outras de forma a que quando acaba-se de rezar acabavam também as badaladas. Esta oração era característica da época de Inverno, quando as noites eram mais longas.

 

 

Rezar ao deitar
A altura de deitar era aproveitada para rezar, por si, mas também por toda a família que era toda incluída nas orações. Aí não se esqueciam os filhos, os maridos, os amigos conhecidos e, até por vezes os inimigos.

 

 

Responso
Quando alguma coisa ou alguém se perdia, mandava-se “arresponsar” a alguém que a tradição lhe tivesse dado o poder de “arresponsar”.

No entanto, não se podem esquecer as tradições pagãs, que nesta freguesia também abundam. São elas realizadas no Entrudo, na Quaresma, na Páscoa, no Verão, no Outono e no Natal.

 

 

Entrudo
O Entrudo, ou Carnaval, seria a primeira festa do ano. Há tempos nesta altura até os próprios estudantes tinham uns dias de férias, semelhantes aquilo que se passa neste momento.
Antes do Entrudo, ou seja, o dia da festa que como hoje era móvel, os miúdos e graúdos, fazem uma grande algazarra anunciando o Entrudo. Na noite imediatamente a este dia eram publicitados os casamentos. Este eram realizados nos dias anteriores ao Entrudo e implicavam todas as pessoas solteiras da aldeia. Um grupo de rapazes reunia-se e casava os rapazes e as raparigas solteiras. A publicitação destes casamentos era feita por duas pessoas (rapazes) situados num local estratégico (normalmente um local elevado) e, munidos de um embude (funil grande que servia normalmente para encher as pipas de vinho novo) dando a conhecer os rapazes e as raparigas quem lhes tinha calhado em sorte. Neste dia comia-se sobretudo orelha de porco e pé de porco.

 

Quaresma
A Quaresma inicia-se na quarta feira de cinzas (dia de presença obrigatória na missa para receber as cinzas) e prolonga-se até à Páscoa. Esta era uma época de privações: As pessoas eram obrigadas a jejuar, não se podia comer carne, e esta interdição era de tal forma levada à risca que os fumadores deixavam de fumar e havia até quem jejuasse a pão e água.
Por esta altura os mais pequenos divertiam-se a jogar ao pião. Praticavam também o jogo do bota fora e o jogo do céu e do inferno.

 

 

Jogo do bota Fora
Este jogo não tem um número limite de participantes. Fazia-se um circulo relativamente grande no chão dentro do qual se fazia outro mais pequeno. O desenrolar do jogo era relativamente fácil: os participantes deviam atirar o pião de forma a acertar no circulo mais pequeno. Se isso não acontecesse esse teria de deixar lá o pião para que os outros o tirassem para fora do circulo maior às ferroadas.

 

 

 

Cerra das Velhas
Esta actividade estava reservada para uma única noite. Precisamente no meio da Quaresma, ou seja, na noite que marca o meio da mesma. As mulheres que se cerravam eram todas aquelas que eram viuvas. Tal como a madeira se cerra quando já está criada, as mulheres também se cerravam quando já tinham alguma serventia. Iniciava-se ao anoitecer depois de jantar. Um grupo de pessoas, homens e rapazes, arranjavam um pedaço de madeira e uma cerra.
levavam as coisas para junto da casa da senhora que seria cerrada.

 

 

 

 

Poste colocado por Carla Morais